segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A menina e um conto de fadas

Este texto a que dei o nome de A Menina e Um Conto de Fadas foi escrito com o desejo de partilhar com as pessoas que seguem este blogue um pouco da minha vida.

Após longos meses de partilha de informação, chegou a altura de vos dar a conhecer pormenores da minha vida pessoal.

Nasci numa linda vila, perto das margens do rio Vouga no distrito de Viseu, mas cresci numa aldeia perto da Serra do Caramulo, no concelho de Tondela, também do distrito de Viseu. Foi numa quinta enorme rodeada pela natureza, toda murada e protegida da época má que se vivia em Portugal.

Vivia com a minha querida avozinha materna, a minha linda mãe e dois irmãos mais velhos.

Apesar de sentir pena de não conhecer o meu pai, visto que ele tinha partido para Angola quando eu tinha apenas 1 ano de idade, cresci muito feliz rodeada de amor e carinho, com uma educação esmerada com regras duras, mas dando valor ao próximo, quer ele fosse pobre ou rico.

No final do dia depois da escola e de tanta brincadeira com os meus irmãos, primos e amigos, adormecia a ouvir a minha avó contar-me histórias de amor, contos de fadas, de príncipes e de factos reais de amor que aconteceram na minha família, como o da minha bisavó Maria das Neves Alcoforado ou o da minha antepassada Sóror Mariana Alcoforado. Factos esses onde o amor era mais forte do que qualquer título, dinheiro, heranças, ou mesmo ser freira.

Sonhava que iria ser uma mãe muito feliz rodeada dos filhos e netos até à velhice, nunca pensando em ser rica ou ter uma vida de fidalga. Devido à minha rebeldia, eu pensava que o nome Alcoforado me trazia uma vida de pompa, o que para mim era uma chatice pois havia muitas etiquetas, demais para o meu gosto.

Aos 10 anos fui estudar para a cidade de Viseu, a cidade onde a minha avó e a minha mãe nasceram. Gostei muito de morar em Viseu e fui lá muito feliz.

Aos 12 anos de idade fui para Luanda em Angola e finalmente conheci o meu pai, o que para mim foi um dos dias felizes na minha vida. Adaptei-me muito bem àquela terra e ao modo de vida que se vivia lá. Havia liberdade. Adorava morar lá. Ainda hoje tenho saudades daquela terra.

O meu pai era um homem lindo, alto, bem parecido, mas pouco afectivo. Senti sempre que o meu pai tinha um carinho especial por mim. Ele adorava Angola e chamava-a de terra do coração. Hoje repousa em Luanda.

Amadureci cedo e após terminar os estudos, sentia muita vontade de ser mãe e com a cabeça cheia de sonhos casei aos dezasseis anos de idade numa linda Igreja de Luanda.

Aos dezassete anos fui mãe pela primeira vez de um menino, o meu Sol de tão lourinho que era.

Aos dezanove anos voltei a ser mãe do meu boneco de porcelana, moreno de cabelos pretos encaracolados.

Aos vinte um anos regressei a Portugal, pois não havia segurança em Luanda para eu criar os meus filhos.

Aos vinte cinco anos voltei a ser mãe do meu anjo, lindo, lourinho, igualzinho ao irmão mais velho.

A minha vida era como a de todas as mães que têm três filhos rapazes para criar, com muito trabalho, chegando por vezes a ter dias de exaustão.

Como existiam barreiras a nível de criação que com o decorrer dos anos foram difíceis de ultrapassar o casamento não foi feliz e aconteceu o divórcio.

Mesmo com o processo de divórcio e com o sofrimento que isso me causou, era feliz pois tinha os meus queridos filhos comigo, dando-me apoio, amor e carinho. Era tão bom sentir os braços deles à roda do meu pescoço. Uma mãe pelos seus filhos sente um amor incondicional.

No ano de 1991, o mundo caiu em cima de mim, o meu segundo filho, o meu boneco de porcelana, aos dezoito anos adoeceu, doença que mais tarde transformou-se numa doença incurável, que o vitimou aos vinte três anos de idade.

Como esta mensagem é um pouco extensa e dolorosa para mim e para todas as mães que já passaram por esta dor que é a perda dum filho, falaremos mais à frente do assunto.

A finalidade desta mensagem é também dizer-vos que há sempre uma luz no final do túnel por muito negro que ele seja.

Espero que com esta mensagem A Menina e Um Conto de Fadas e a seguinte que vou chamar A Dor de Perder Um Filho vos esclareça as dúvidas que possam ter tido sobre a existência do blogue Lar de Idosos. Por favor deixem o vosso comentário.

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