terça-feira, 20 de setembro de 2011

Como vivem os doentes de Alzheimer

Como vivem os doentes de Alzheimer. A D. Maria era uma senhora de 77 anos de idade, mãe de 5 filhos que residia nos arredores de Sintra e que padecia da doença de Alzheimer há uns anos. Era uma senhora muito carinhosa, elegante que adorava andar bem vestida, com tudo a condizer. Com a evolução da doença deixou de se vestir, fazer a higiene e qualquer tarefa doméstica. Como tinha sido modista passava  os dias a desmanchar roupa que tinha feito.

A D. Maria era minha vizinha quando os meus filhos eram pequenos e em momentos de aflição recorria a ela para me dar conselhos, ou simplesmente um abraço. Com o seu abraço, a vida  ficava mais fácil, sentia-me protegida.

Quando os filhos contrataram os serviços do Centro de Dia fiquei muito contente, pois teria oportunidade de lhe retribuir todo o amor e carinho que ela me tinha dado, tornando os seus últimos dias de vida mais felizes e com qualidade de vida.

Todos os dias ela me falava dos filhos, das alegrias que eles lhe tinham dado, das preocupações que eles tinham por ela recusar ir para casa deles. Ela não queria deixar a sua casa, pois esta estava cheia de boas recordações e o seu maior receio era perdê-las.

Há meses, quando estava a vesti-la depois de lhe ter feito a higiene pessoal, a D. Maria foi dizendo que por causa desta maldita doença irei esquecer-me dos meus filhos e de tudo o que vivi com eles, do poema que todos os dias lhes lia para eles adormecerem. E virando-se para mim, pediu-me para lhe ir falando sempre deles, da sua infância e do poema. Assim quando partir levo-os no meu coração.

E assim fiz, todos os dias eu lhe falava dos filhos, mesmo não se lembrando deles nem de mim, ela adorava ouvir o que eu lhe dizia  e por vezes deixava cair uma lágrima. O poema da autoria de Judith C. Grant era o seguinte:

Parece que, antes de ti,
apenas tenho recordações a preto e branco.
Mas quando surgiste trouxeste contigo risos,
balões encarnados, surpresas tolas, bulício
e alegria para a minha vida.

Como vivem os doentes de Alzheimer

Também adorava ouvir a música do Miguel Gameiro "Dá-me um abraço", não sabia quem cantava, mas simplesmente gostava...



Hoje foi o seu funeral. Há já alguns anos que lido com esta situação (perda), mas não consigo vivê-la sem sofrimento, principalmente a da Dona Maria, que era uma amiga, uma segunda mãe para mim.  Irei ter sempre saudades dela.

Descanse em paz D.Maria

 A minha Homenagem: 

Quando tiveres partido,
as flores deixarão, creio eu, de desabrochar -
não mais plátanos no mundo -
até voltares para mim.
(Poema de Yanagiwara Yasu-ko)

Como perceberam, o maior receio dos doentes de Alzheimer no início da doença é na fase terminal perderem as suas memórias. Devemos falar delas, mostrando fotografias, vídeos, pôr a tocar as suas músicas favoritas, porque mesmo não entendendo elas gostam de as ouvir.

Espero que tenham gostado do texto Como vivem os doentes de Alzheimer e do vídeo que retirei do YouTube. Por favor  queiram deixar o vosso comentário.

4 comentários:

  1. Olá

    Adorei o seu texto, muito útil hoje em dia.

    Ao lê-lo, fiquei um pouco assustada, não por mim, mas pelos meus pais.
    Um beijo

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  2. Olá!

    A doença de Alzheimer é uma doença que assusta toda a gente.
    Obrigado pela visita.

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  3. adorei gostaria de saber mais pois tenho o caso recente de minha mae que vive en portugal e eu no estangeiro e vamos que pensar pola nun sitio adaptado

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  4. Olá!
    Em primeiro obrigado pela sua visita.
    Lamento por a sua mãe ter esta doença. É uma doença muito complicada, quer para os seus familiares, quer para os seus cuidadores.Como está no estrangeiro e a sua mãe em Portugal, a decisão acertada será um cuidador especializado para cuidar dela na sua própria casa, ou em último o Lar.
    Se precisar de mais informações, esteja à vontade.
    Um beijo

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