segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A dor de perder um filho

O que pretendo com este texto intitulado A Dor De Perder Um Filho, é fazer uma homenagem ao meu filhinho Luís que já não está entre nós há catorze anos e também a todas as mães que passaram por esta dor.

Apesar da sua rebeldia era um menino muito alegre, inteligente, meigo, com um sorriso lindo, amigo do seu amigo, com muita vontade de viver e um coração de ouro.

A sua vontade de viver e a diversão levou-o a estar à hora errada num local errado.

A sua doença prolongou-se por cinco anos. Anos esses, cheios de sofrimento para ele, para mim, para os irmãos e também para a minha querida mãe. O meu sofrimento era tanto e sentia-me tão impotente, pois como mãe, a pessoa que lhe tinha dado a vida, pensava ter poderes para lhe tirar o sofrimento, principalmente quando ele ficou cego. Mas não tinha nada.

Infelizmente já não podia contar com o colo da minha avozinha para me consolar, pois já havia partido, só com o colinho da minha mãe com que ainda hoje conto e espero contar por muitos anos.

Em 1996 partiu para o outro mundo. Como ele era uma flor linda, DEUS precisou dessa flor na sua jarra principal levando-o para junto dele.

Com a partida do meu filho fiquei muito doente, sem vontade de viver, revoltada com tudo e com todos, mas principalmente com o sofrimento que vi nalguns doentes provocado pela doença e pelo abandono dos pais. Estes só voltavam ao Hospital para o reconhecimento do corpo após a sua morte. Não imaginam o que era o sofrimento deles por terem sido abandonados pelos próprios pais quando estavam doentes, quando precisavam de amor e carinho. Meus Deus como é que uma mãe podia abandonar o seu filho quando ele mais precisava dela.

Passados quatro anos, no ano de 2000 nasce o meu netinho, filho do meu primeiro filho. Era um bebé pequenino, lindo, parecido com o pai. Foi um dia muito feliz para mim. Com o seu nascimento já havia uma luzinha no final do túnel.

Hoje é um bom menino, inteligente, meigo, carinhoso, aplicado na escola. Tem muitas atitudes e comportamentos iguais ao tio Luís. Amo-o muito e peço a Deus que lhe dê melhor sorte. Ele também ama a sua avó.

Com o nascimento do meu neto fui obrigada a dar um rumo diferente à minha vida, pois a vida que tinha não fazia sentido.

Mudei de actividade profissional, de empregada de escritório passei a tratar de pessoas idosas, fazendo Apoio Domiciliário. Sinto-me feliz, realizada, pois estou a ajudar pessoas que necessitam dos meus cuidados, de amor, de carinho e principalmente dum ombro amigo para desabafarem.

Voltei a ter novamente um Luís "o bonitinho cá de casa", na minha vida, mas desta vez como namorado, companheiro e amigo.

A dor vai diminuindo ficando a saudade, mas encontrei paz e alguma felicidade.

Sinto muitas saudades do meu filho, dos seus abraços, das risadas que dava ao contar anedotas, até dos disparates que fazia e dizia.
Depois de catorze anos da sua partida ainda não consigo ir visitá-lo ao cemitério as vezes que deveria ir, é tão doloroso para mim aceitar que ele está ali. É lá que tudo acaba, é lá que está a realidade.

"DESCANSA EM PAZ MEU FILHO".

Os meus outros filhos amadureceram e cresceram aprendendo com os seus próprios erros e com o sofrimento do irmão, o irmão que eles tanto adoram.
Tornaram-se em dois homens lindos, bons maridos e o mais velho num bom pai. Estou muito orgulhosa dos meus filhos. Amo-os muito e sei que para eles eu sou uma mãe muito especial e importante nas suas vidas.

Espero que tenham percebido quanto é intensa A Dor de Perder Um Filho. Por favor deixem o vosso comentário.

4 comentários:

  1. A sua historia deixou-me com lagrimas nos olhos.
    Felizmente nunca passei por tal dor, mas crei que deve de ser a maior dor possivel.
    Tenho uma filha com 20 anos e só de imaginar tal coisa, doi.
    Sabe, tambem adoro a minha profissão.
    Fico contente por saber que a sua vida tomou outro rumo e que a felicidade é sempre possivel, mesmo não esquecendo as coisas más da nossa vida.
    Um grande beijinho e muito obrigado por aparecer no meu blog

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  2. Obrigado eu. Não foi muito fácil para mim escrever estas dois textos. Foi abrir feridas, que já estavão a cicatrizar. Mas os leitores merecem conhecer detalhes da minha vida pessoal. Além de ser supervisora numa associação de idosos, e de amar o meu trabalho, também adoro dar formação na área.
    Ùltimamente tenho escrito mais, pois encontro-me de baixa, fui submetida a uma laroscopia para extracção da vesícula. Porque quando estou a trabalhar mal tenho tempo para descansar.
    Agradecia que me recordasse o seu blogue.
    Uma beijoca e obrigada por partilhar comigo o amor pelos idosos.

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  3. Não tenho palavras para comentar...
    Sou mãe de cinco filhos, todos adultos, um deles teve cancro à cerca de dois anos, ainda não estou tranquila...
    Aliás as mães nunca estão tranquilas.
    A dor de perder um filho, tenho a certeza, que será a maior dor do mundo...
    Beijinho grande.
    Rosinda

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  4. Olá Rosinda!

    É mesmo a maior dor. Perdemos avós, pais e tios, mas um filho é contra a natureza. A dor é dilacerante,com a sensação que nos arrancaram um pedaço. Com o tempo vai suavizando, ficando a saudade. Mas, a vida tem de continuar, existem outros que precissam de nós. A missão de mãe só termina com a nossa partida.
    Força, a medicina já está mais avançada.Vai correr tudo bem, nem sempre o pior está em nossa casa.
    Vá sempre dando notícias.
    Um beijão

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